domingo, 18 de abril de 2010

O que dizer da opção do acaso?

No silogismo referente ao argumento teleológico:
1- O ajuste fino do universo se deve à necessidade física, ao acaso ou ao desígnio.
2- Ele não é devido à necessidade física e nem ao acaso
3- Portanto, ele se deve ao desígnio.
ao analisar a premissa 2), já explicamos por que a opção "necessidade física" para o ajuste fino do universo não é a melhor. Um leitor nos garantiu que a opção do "acaso" era a melhor opção. Vamos analisar.

Alguém pode tentar procurar eliminar essa hipótese tanto apelando para a complexidade específica do ajuste fino cósmico quanto pela argumentação de que o ajuste fino é significativamente mais provável no Design (que pode levar ao teísmo) que na hipótese do acaso (ateísmo).

Às vezes surgem objeções de que não há sentido em falar de probabilidade da existência de nosso universo precisamente ajustado por existir, afinal de contas, apenas um universo. Mas a ilustração a seguir esclarece o sentido no qual o universo que permite a existência da vida é improvável:

Pegue uma folha de papel e coloque sobre ela um ponto vermelho. Esse ponto representa nosso universo. Agora, altere levemente uma ou mais constantes e quantidades físicas precisamente ajustadas que tem sido o foco de nossa atenção. Como resultado, temos a descrição de outro universo, que podemos representar por meio de um novo ponto perto do primeiro. Se esse novo conjunto de constantes e quantidades descrever um universo que permite a existência de vida, pinte-o de vermelho; se ele descrever um universo que impede a existência de vida, pinte-o de azul. Agora repita o procedimento arbitrariamente muitas vezes até que a folha esteja cheia de pontos. No final, haverá um mar de pontos azuis e apenas alguns pequenos pontos vermelhos. Nesse sentido é que é altamente improvável que o universo devesse permitir a existência de vida. Simplesmente existiriam muito mais universos que impedem a existência de vida em nossa área de universos possíveis do que universos que permitam existência de vida.

Pode ser levantada a objeção de que não sabemos se todos esses possíveis universos são igualmente prováveis. Com efeito, isso nos leva a afirmar que a verdadeira diversidade de valores possíveis para determinada constante ou quantidade pode ser bastante pequena. Mas mesmo que esse fosse o caso, quando temos muitas variáveis exigindo um ajuste fino, a probabilidade da existência de um universo que permitisse a existência de vida ainda é muito pequena.

Além do mais, na ausência de qualquer razão física para pensar que os valores são forçados, estamos justificados ao presumir o “princípio da indiferença” com o efeito de que a probabilidade da existência do nosso universo será igual à probabilidade da existência de qualquer outro universo representando na folha de papel.

Pode-se exigir que se responda por que deveríamos considerar apenas os universos representados na folha. Talvez haja universos possíveis detentores de variáveis físicas e leis naturais completamente diferentes das nossas e que permitam a existência de vida (fora da folha). Talvez esses universos contivessem formas de vida bastante diferentes das conhecidas. O teleologista não precisa negar essa possibilidade, pois esses mundos são irrelevantes para sua argumentação. Sua afirmação é que, no grupo local de universos possíveis (na folha), qualquer universo que permita a existência da vida é altamente improvável.

John Leslie nos dá a ilustração de uma mosca, descansando numa grande área livre de uma parede. Dispara-se um único tiro e a bala atinge a mosca. Se o resto da parede, fora da área limpa, estivesse coberto de moscas, esse tiro disparado aleatoriamente teria boas chances de atingir “uma” mosca. Todavia, permanece altamente improvável que um único tiro, aleatório, pudesse atingir “a única” mosca pousada na grande área limpa. Do mesmo modo, precisamos apenas nos concentrar nos universos representados na folha de papel para determinar a probabilidade da existência de um universo que permita vida. (continua)

Como duvidar de um Designer tão detalhista?

Nenhum comentário:

Postar um comentário