segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Veja o seu Senhor, o Revolucionário!


por Frank Viola

Leia do princípio ao fim os Evangelhos, e veja seu Senhor, o Revolucionário. Veja como espalha pânico entre os fariseus ridicularizando intencionalmente suas convenções. Numerosas vezes Jesus curou no Sábado, frontalmente rompendo sua querida tradição. Se o Senhor pretendesse aplacar a ira de seus inimigos, Ele bem que poderia esperar chegar o domingo ou a segunda-feira para curar algumas daquelas pessoas. Mas não, Ele deliberadamente curou no sábado sabendo perfeitamente que seus oponentes ficariam furiosos.

Este modo de agir tem um sentido profundo. Certa vez Jesus curou um cego misturando barro com saliva e colocando-os nos olhos do homem. Tal fato foi um desafio direto à ordenança judaica que proibia curar aos sábados misturando barro com saliva![1] Todavia seu Senhor, intencionalmente, rompeu publicamente esta tradição e com a mais absoluta resolução. Veja como ele come sem lavar as mãos sob o olhar crítico dos fariseus, nova e propositadamente desafiando sua tradição fossilizada.[2]

Em Jesus temos um Homem que recusava render-se diante das pressões da conformidade
religiosa. Um Homem que causou uma revolução. Um Homem que não tolerava a hipocrisia. Um Homem que não tinha medo de provocar aqueles que suprimiram o evangelho libertador que Ele trouxera para libertar os homens. Um Homem que não se importava em despertar a cólera de seus inimigos, levando-os a preparar-se para a luta.

Onde pretendo chegar? Nisso. Jesus veio não apenas como Messias, Ungido de Deus, para
libertar seu Povo das ataduras da queda. Ele veio não apenas como Salvador, pagando uma dívida que não era dEle para quitar os pecados da humanidade.

Ele veio não apenas como Profeta, consolando aflitos e afligindo acomodados.
Ele veio não apenas como Sacerdote, representando o homem perante Deus e representando Deus perante o homem.
Ele veio não apenas como Rei triunfante sobre toda autoridade, principado e poder.
Ele também veio como Revolucionário, rompendo o velho odre com o intuito de introduzir o novo.

Veja o seu Senhor, o Revolucionário!

Movimentos de renovação e novas formas para a igreja são como mudar as roupas de um
manequim. Por mais que troquemos essa roupa nunca daremos vida a ele, não importa quão de vanguarda ela seja. Não! É necessário meter fogo na raiz do problema e acender uma revolução!



As passagens seguintes lançam luz sobre a natureza revolucionária de Cristo: Mat. 3:10-12; 10:34-38; Marcos 2:21-22; Lucas 12:49; João 2:14-17; 4:21-24.

-----------------------------
[1] O Mishnah estabelece: “É proibido curar um homem cego no Sábado injetando vinho nos olhos dele. Também é proibido fazer lama com saliva para cobrir os olhos dele” (Shabbat 108:20).
[2] Conforme o Mishna, “A pessoa deveria estar disposta a caminhar quatro milhas para lavar suas mãos a comer com as mãos não lavadas” (Sotah, 4b) “... Aquele que negligencia lavar suas mãos é como aquele que é um assassino” (Challah, J, 58:3).

Se Jesus "Skandalizou"...

esse post é continuação de "Sequestraram o argumento do escândalo"

Skandalizo? - sim e não
A palavra grega para "escândalo" é skandalon - dentre outras coisas, ela significa "ofensa" e "ocasião para cair". Jesus advertiu: "ai do homem pelo qual vem o escândalo!" (Mt 18:7)
Somos biblicamente orientados a não escandalizar nossos irmãos (Rm 14:13; 1 Co 8:13).
As palavras de Pedro "nunca Senhor, isso nunca te acontecerá" foram skandalon para Jesus (Mt 16:22-23).

No entanto, o próprio Evangelho de Cristo é comparado a uma "rocha de escândalo". (Rm 9:33)
A mensagem da Cruz é "escândalo para os judeus" (1 Co 1:23; Gl 5:11)
Jesus é skandalon (1 Pe 2:8).

O verbo grego para "escandalizar" é skandalizo - dentre outras coisas, significa "ofender".
Felizes são os que não se escandalizam (não se ofendem) por causa de Jesus (Mt 11:6)
A semente que cai em terreno pedregoso não prospera porque a pessoa vai se escandalizando até abandonar (Mt 13:21).

As pessoas ficavam escandalizadas por causa de Jesus (Mt 13:57).
Ao questionar suas tradições, Jesus escandalizou os fariseus (Mt 15:12).
O discurso de Jesus escandalizava seus próprios discípulos (Jo 6:61)
Por outro lado, numa ocasião Jesus não quis escandalizar ninguém e pagou o imposto do templo. (Mt 17:27)
Um dos sinais dos tempos é que "muitos ficarão escandalizados" (Mt 24:10)

Fica claro que Jesus evitou o escândalo numa questão inferior, mas provocou o escândalo quando princípios bíblicos estavam sendo desafiados pela tradição. Então a questão não é tão simples a ponto de ser resolvida com um genérico "não escandalize!" diante de qualquer situação. Existem situações que exigem um bom escândalo bíblico.

O fraco se escandaliza - Rm 14
Esse é um problema parecido com o das “carnes sacrificadas a ídolos”, que Paulo enfrentou nas cartas aos Romanos (provavelmente) e aos Coríntios. Não havia nada de errado com a carne em si, o problema era a conotação pagã, a “associação de imagens” que escandalizava algumas pessoas. Alguns consideravam que comer essas carnes era aceitar e praticar a idolatria (realmente, Salomão tinha razão em dizer que “não há nada de novo debaixo do sol”).

O conselho de Paulo ainda é válido para hoje: quando algo é moralmente indiferente, deve ser julgado pelo seu efeito em nossa consciência, na consciência dos outros (não devemos ser causa de tropeço) e principalmente na glória do nome do Senhor entre os incrédulos. O importante é ter conhecimento e firme convicção naquilo que se faz, caso contrário, incorremos em pecado.

Paulo menciona, em Romanos 14, o cristão que é fraco, ou seja, que ainda não amadureceu espiritualmente e possui uma consciência cheia de escrúpulos exagerados. Mas não se pode ir ao outro extremo, confundindo a consciência forte com a consciência cauterizada, sem nenhum critério. De acordo com a Bíblia, é errado violar a consciência de alguém em assuntos moralmente indiferentes, principalmente se for de um fraco na fé. Portanto, é necessário considerar a responsabilidade que todos temos de manter intocada a débil consciência dos fracos, para que ninguém seja levado a escandalizar-se desnecessariamente.

O Comentario Bíblico Adventista esclarece quem é o fraco do texto de Rm 14:1:

"É alguém que tem apenas uma compreensão limitada dos princípios de retidão. Ele quer ser salvo e está disposto a fazer qualquer coisa que acredita ser-lhe exigido; mas devido a imaturidade de sua experiência cristã (cf Hb 5:11 a 6:2), e talvez também como resultado de sua educação anterior e de suas crenças, trata de garantir sua salvação por meio da observância de certas regras e prescrições que na realidade não são obrigatórias para ele. Dá muita importância a essas regras; as considera como absolutamente vigentes para poder alcançar a salvação, e está angustiado e perplexo quando vê que outros cristãos que conhece, especialmente os que parecem ter mais experiência, não compartilham seus pontos de vista."

Perfeito.

Eu destaco apenas o fenômeno observado no primeiro post: ao contrário do descrito no parágrafo acima, alguns fracos na igreja de hoje já estão há décadas na experiência cristã. Alguns até nasceram em lar cristão de terceira ou quarta geração. Os "não-me-toques" legalistas foram passados de pai para filho e ninguém ousou confrontar as vacas sagradas desse pessoal e gritar "o Rei está nú!"

Repare que o texto aconselha a aceitar o fraco e não ficar discutindo com ele. Mas em parte alguma o texto orienta o fraco a continuar incomodando os demais com suas manias e costumes. Creio que nesse post eu estou no limite de desobedecer o conselho de Paulo no verso 3 ("não menospreze"), mas o conselho de Paulo para o hiper-escrupuloso é "não julgue". Então proponho um acordo: não menosprezarei e ninguém me julgará. E nos assuntos em que eu tiver minhas próprias manias desafiadas farei de tudo para não julgar ninguém ou usar minhas manias como régua espiritual.

E o detalhe final: a ordem "não escandalize"(v. 13) é dada a fortes e fracos. O argumento do escândalo não é unilateral. Portanto, paremos com essa chantagem bíblico-emocional e libertemos o argumento do escândalo do cativeiro da frescura-de-crente.

Chegou a hora de crescer
Concluo afirmando que o fraco não pode continuar sendo fraco para sempre. A obrigação de todo cristão é conhecer a vontade de Deus através da Bíblia (II Tm.2:15), crescendo cada dia mais (Pv.4:18), até chegar a um nível de amadurecimento próximo ao de Cristo (Ef.4:13). No Antigo Testamento, Deus exigia expiação pelos pecados cometidos na ignorância (Levíticos 4). Isso revela que a ignorância não é uma desculpa aceitável para a estagnação espiritual ou para a quebra da Lei quando os fracos são devidamente notificados de seus erros (Lv.4:23).

O que não pode acontecer é que sob a desculpa de que “não devemos escandalizar”, a liberdade cristã seja diminuída e eu tenha agora que me curvar diante de cada mania que eu encontrar na igreja. Se fossem poucas manias eu até cooperaria, mas elas se multiplicaram muito, e eu tenho mais o que fazer (além de já ter que lidar com as minha próprias manias).

Viver fiscalizando a todo momento as minúcias comportamentais e os detalhes secundários é extremamente desagradável. O “argumento do escândalo” não deve servir às chantagens e ameaças, e muito menos à imposição de pesados jugos sobre os que já superaram certos escrúpulos não-bíblicos e retiraram de suas manias particulares o indevido rótulo do "assim diz o Senhor".

Para um estudo detido sobre coisas moralmente indiferentes, examinem-se os textos de: Rm.14; I Co.10:23-33; I Tm.4:4; Cl.3:12-17 e 23; Tt.1:15.


“Bem aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova” (Rom.14:22)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sequestraram o "argumento do escândalo"

O argumento do escândalo é utilizado unilateralmente na igreja.

Me parece que o “escândalo” é escândalo apenas se escandalizar o “status quo”, o mainstream, o que “sempre foi assim”. Ninguém se importa se o status e o mainstream escandalizam o underground, as minorias, os desajustados ao padrão arbitrariamente imposto.

Esse é um fenômeno que eu gostaria de entender. Do jeito em que é usado na igreja, o argumento do escândalo virou escudo tradicionalista, uma coluna a mais no dique que mantém a água parada dos usos e costumes. Sequestraram o "argumento do escândalo".

“Assim você vai escandalizar os irmãos!” é o conselho que pode significar: “finja que você se importa com essa tradição/costume apenas para agradar seus irmãos mais experientes. Limite sua liberdade para não trazer nenhum desconforto ao pessoal que chegou aqui antes de você...” Em alguns casos, "não escandalize a igreja" significa "não escandalize os líderes e os mais influentes". E em casos extremos, significa "não ME escandalize".

Normalmente, essa advertência sai da boca de gente experiente, que está no Caminho a muitas décadas, que deveria estar mais preocupada em não escandalizar os “pequeninos”, e não em ser escandalizada. (Mt 18:6)

Eu sei que o tema é delicado, pois existem muitos assuntos da vida prática que não são tratados diretamente na Bíblia, e devemos entrar num consenso racional sobre eles. E ao vivermos em comunidade (o que a igreja obrigatoriamente dever ser), conflitos de opiniões e gostos pessoais sempre virão à tona. Obviamente, não devemos ser pedras de tropeço para ninguém.

E sei também que muito crente doido pra chutar o balde dos princípios bíblicos (modéstia, reverência, decência, ordem, viver saudável, etc) sentiria um certo “apoio” nesse meu discurso. Sai pra lá... “Incluam-me fora” desse movimento insosso e escuro de vocês, que não salgam a terra e nem iluminam o mundo. Longe de mim querer escandalizar minha igreja gratuitamente, apenas por ter vergonha de ser (e parecer) crente diante do mundo que não está nem aí pra minha fé.

O meu pequeno manifesto é: permitam-me usar o argumento do escândalo também! Ninguém se preocupa se eu sou a vítima do escândalo? Ao pedirem que eu não seja pedra de tropeço para alguns, não se importam se são pedras de tropeço para mim? Eu veja na minha Bíblia muita orientação para evitarmos o escândalo e a aparência do mal. Evitar polêmicas inúteis e não levantar desnecessariamente a oposição e a perseguição por causa de provocações tolas. Mas também vejo muitas atitudes escandalosas em Jesus, nos profetas e na igreja primitiva.

O evangelho é escândalo!

Ser cristão envolve inevitavelmente provocar escândalos, escandalizar o que não tem nada a ver com a Palavra de Deus.

Por agora, fica o leve desabafo. Vou coordenar as idéias bíblicas sobre o assunto.
Após levar meu pensamento cativo à Cristo eu posto mais alguma coisa...
Enquanto isso, vai ouvindo João Alexandre - "É proibido pensar"

O corpo de Cristo no Haiti

Passado o efeito emocional que o terremoto no Haiti causou nos brasileiros, lembrei-me de Jó e seus amigos, de Jeremias e suas lamentações e de Jesus agonizando no Getsêmani enquanto seus discípulos dormiam.

Alguns crentes buscaram na história “pagã” e nos pecados dos haitianos a explicação para a tragédia, assim como os amigos de Jó, classificando o terremoto de “juízo divino”.

Outros (crentes e céticos) lançaram seus questionamentos sobre Deus, duvidando de sua soberania e de seu amor. Se Ele ama e é poderoso, por que permitiu? O velho "problema do mal".

E no momento de maior angústia e necessidade de simpatia, Jesus esteve só, cercado de discípulos sonolentos que não percebiam a gravidade do momento. Por vezes, a proximidade banaliza, gera desprezo, perde-se a sensibilidade. De tanto ver sofrimento e tragédia, isso não nos afeta mais.

Jesus não está distante do Haiti. Ele está lá, sofrendo junto e ajudando. Seu corpo está lá. Sempre esteve – antes, durante e depois da tragédia. A igreja é o corpo de Cristo. Ela deve ser a manifestação de Jesus na terra. Que tipo de Cristo estamos manifestando ao mundo?

Repetindo a idéia de John Stott: como Tomé, o mundo hoje exige “se não virmos as marcas... não acreditaremos”. Rapidamente respondemos “creia sem ver, incrédulo!”
Esquecemo-nos que Jesus mostrou as marcas, seu corpo estava à disposição da análise do incrédulo Tomé.
O corpo de Cristo, a igreja, está sob análise daqueles que buscam uma resposta.

Eles estão vendo as marcas? Que marcas?

Resumido por Lecrae - "Tão distante"


ver também "Adventistas: vítimas e heróis no Haiti"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Para saber o que é fé use a Bíblia, não o dicionário

É comum ouvirmos declarações de fé cega por parte de cristãos, e acusações de fé irracional por parte de céticos. Ambos usam definições estranhas de "fé". A fé cristã não é o que dizem os dicionários e enciclopédias, ela é o que a Bíblia diz que ela é. O texto a seguir é um apanhado de idéias trazidas numa lição da Escola bíblica de 2009 que tratou do tema.

A fé não deve ser confundida com convicção racional. Em sentido bíblico, a fé não se baseia principalmente na razão (embora não seja irrazoável nem irracional!); nem se baseia nas emoções (embora as emoções tenham seu papel). A fé é uma certeza profundamente enraizada que afeta todo o ser. É um princípio que governa a vida. É o meio pelo qual alcançamos as promessas de um Deus que não podemos ver mas que sabemos existe e nos apoderamos delas.

Hebreus 11:1 fala da “certeza” de nossa fé. William G. Johnsson, estudioso do livro de Hebreus, sugere que a melhor tradução seria: “A fé é o título de posse do que esperamos, a certeza do que não vemos” (The Abundant Life Bible Amplifier: Hebrews), p. 204.

A fé é o princípio que orienta a vida do cristão. Orienta-nos como viver e como nos relacionar com Deus e com os outros. Por mais importante que seja a concordância intelectual com as doutrinas, a fé é muito mais que isto.

“‘Sem fé é impossível agradar a Deus’... Note que Hebreus não ensina que sem a fé é difícil agradar a Deus, ou que sem fé vai demorar muito para satisfazê-Lo. Ao contrário, indica que é impossível. Em resumo, a fé não tem substituto. Foi pela fé que os heróis de Deus viveram no passado, e é pela fé que Seu povo deve viver hoje” (George R. Knight, Exploring Hebrews: A Devotional Commentary, p. 198).

Você não precisa de fé para crer no que pode provar; você precisa de fé para crer no que não pode provar. É importante perceber que, apesar de toda evidência que temos para nossas crenças, sempre haverá coisas que não entendemos.

Jesus Cristo é o grande fundamento e fonte de nossa fé. Mas, embora o dom da fé seja um mistério, foram-nos dadas algumas ideias de como a fé é despertada e fortalecida. Nos tempos bíblicos, alguns homens e mulheres tiveram uma experiência súbita que deu início à jornada da fé. Talvez o exemplo mais evidente seja Paulo. Outros falam de um despertar muito mais gradual da guia de Deus em sua vida, que deu foco e direção à peregrinação de sua fé. Sem dúvida, a experiência é um componente essencial e poderoso da vida espiritual. Mas a fé também deve ter conteúdo, e a revelação fornecida nas Escrituras tem um papel importante em nos estabelecer na fé.

Fé é experiência. Está relacionada com a certeza e com a confiança. As Escrituras têm um papel importante para despertar, fortalecer e alimentar a fé. Mas a fé não é uma simples convicção; é um princípio que nos guia na vida diante de Deus e dos outros.

Que diferença isso pode fazer em sua vida? Experimente e veja por você mesmo.

Resumido pelo tão criticado (e ex-metrossexual) André Valadão: "Pela fé"

Ouça Naturally 7

Pra quem gosta de “a capella”, tai um grupo adventista que tem recebido muitos elogios: Naturally Seven.
A fórmula é a mesma de muitos grupos do gênero: beatbox e imitações vocais de instrumentos.
A diferença é que esses caras sabem fazer bem...
Eles cantam gospel e secular. Uma espécie de Take 6, só que um pouco mais crente rsrsrs.

Ignorando as gracinhas e demonstrações quase exibicionistas de habilidade, as músicas tem boa mensagem.

Let it Rain


Pra entender como conseguem “tocar” usando loops no pedal, ouça “Wall of Sound”

Ouça Rochelle Hanson

Se você procura algo diferente para ouvir, indico Rochelle Hanson.
Há um ano acompanho o trabalho dessa cantora e compositora adventista singular.
É tudo muito bonito e original (apesar da semelhança de timbre com alguém que não me lembro agora... Natalie Cole, talvez).

O estilo Rochelle está resumido na belíssima "So Happy"


sábado, 6 de fevereiro de 2010

Compelle Intrare: a justificativa pseudo-cristã para a intolerância.

Uma das maiores tragédias na historia da Igreja Cristã foi a justificação da perseguição religiosa e guerras santas. No inicio do quinto século AD, Agostinho (354-430), um dos maiores teólogos, usou as palavras de Jesus para justificar a perseguição aos hereges. [1] De acordo com James Carroll, “foi o falecido Agostinho que, não mais dependendo da forca da razão, justificou o uso da coerção para defender e espalhar a fé ortodoxa: ‘ao ser primeiro compelido por medo ou dor, para que eles possam depois ser influenciados pelo ensino’.” [2]

Agostinho, que teve de enfrentar a heresia do Donatismo, fez uma interpretação inadequada da parábola do banquete relatada por Jesus (Lc 14:16-24) Um senhor organizou uma grande ceia e convidou seus amigos. Eles recusaram o convite. No contexto da historia, isso foi muito humilhante para o senhor. O jantar estava pronto e ninguém estava lá. Então ele decidiu enviar seus servos para as ruas e voltar com aqueles que encontrassem. Sua ordem no verso 23 é: “obrigue-os a entrar”. O verbo grego anagkazo pode ser traduzido como coagir ou compelir, seja por força seja por persuasão argumentativa.[3]

Agostinho acreditava que os Donatistas estavam se recusando a aceitar a verdade e que era aceitável para as autoridades da igreja usar a lei civil para obrigá-los a aceita-la (Compelle Intrare). Sua vontade, de acordo com o grande teólogo, estava num estado de ignorância e confusão. Sua vontade e hábitos precisavam ser subjugados.[4] Agostinho se opunha a tortura e pena de morte, mas chegou a acreditar que a perseguição física poderia ajudar os hereges a fazerem a escolha certa. Ele escreveu: “Deixem os hereges serem tirados de seus recantos, serem extraídos de seus tormentos. Ele não querem ficar empacados nos recantos”. Mas essa não é a ordem de Deus. Ele disse: “ ‘obrigue-os a entrar’, use compulsão fora, para que a liberdade possa surgir quando eles estiverem dentro”.[5]

De forma interessante, quando os Donatistas foram perseguidos, Agostinho tentou construir pontes para eles: “Amamos vocês. Por favor, aceitem a verdade. Amamos vocês, mas queremos corrigi-los.”[6] Ele acreditava que a correção neste mundo salvaria os hereges da punição eterna no próximo. A visão de Agostinho formava a base da doutrina e pratica da Idade Media. Ela abriu o caminho para a Inquisição.[7] Alguns séculos depois, o grande teólogo Tomas de Aquino foi alem. Ele ajudou a justificar a pena de morte para os hereges.

Os teólogos cristãos não mais apóiam essa interpretação da parábola. Eles concordam Jesus nunca forçou os homens a acreditarem nEle. Nunca instruiu Seus discípulos ou a igreja apostólica a usar a força. Jesus repetidamente aconselhou Seus discípulos a evitarem a controvérsia e a retaliação por descontentamento (Mt 5:43-47; 6:14-15; 7:1-15; 10:14). Ele tem estado sempre ao lado dos perseguidos e não dos perseguidores.

O exemplo de Agostinho e Tomas de Aquino mostra como os ensinos de Jesus podem ser mal interpretados para justificar o uso do poder civil a fim de defender a ortodoxia. Infelizmente, para Agostinho e Tomas, Jesus não estava lá para repreende-los dizendo:

“Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são!” (Lc 9:51-56)


Esse texto é baseado em texto do livro “Discussões sobre fé e liberdade: defendendo o direito de professar, praticar e promover sua crença”, de John Graz, p. 25-26.

Leia também Jesus não apóia intolerância religiosa
___________________________________
[1] Tertulio, Origenes, santo Cipriano e Lactancio se opuseram a usar a força contra os hereges. Ver Michelle-Marie Fayard, Sur l’usage de laforce pour la conversion des heretiques, Conscience et Liberte, vol. 13, 1977, p. 34-36.
[2] James Carroll, Constatine’s Sword: The Church and the Jews, (Boston and New York: Houghton Mifllin Company, 2001), p. 211.
[3]Ver The Expositor’s Bible Commentary, Frank E. Gaebelein, Editor geral, vol 8, p. 978. (Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, revisado em 1984).
[4]Em Lib. Arb. 3 18; 51-52
[5] Sermons (Sermones), 112.8, Gary Wills, Saint Augustine. (New York: Viking Press, 1999), p. 103.
[6] Ibid, p. 109.
[7] Em De Civit Dei, XXIII, p. 51.

Jesus não apóia intolerância religiosa

Cristãos já se acostumaram a ouvir acusações de uma a suposta intolerância religiosa do cristianismo baseadas na Inquisição, nas Cruzadas, e toda a bagunça religiosa da Idade Media. Mas será que o cristianismo verdadeiramente bíblico deve carregar essa culpa? Será que o ensino de Jesus referendou a violência e a intolerância?

A liberdade religiosa é assim definida no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
“Toda pessoa tem direito a liberdade de pensamento, consciência e religião. Este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela pratica, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em publico ou em particular”[1].
Esta definição afirma o principio da liberdade de escolha individual.

Jesus era a favor da liberdade de escolha. Para Ele, servir e adorar a Deus é uma questão de convicção e escolha. Ninguém, inclusive o próprio Jesus, estava isento de fazer escolhas. Ele foi tentado varias vezes, pelo diabo, no inicio de Seu ministério. Satanás propôs uma alternativa pela qual Jesus poderia ganhar o mundo e evitar a cruz (Mt 4:1-10). Resistir a tentação era uma escolha, mas Ele decidiu seguir ate o fim: “Contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mc 14:32-41).

A liberdade de escolha esta no centro do relacionamento com Deus. O amor não pode existir sem a liberdade de escolha, e Deus ama suas criaturas.

Quando Jesus viajava nos arredores de Tiro, uma mulher grega lhe pediu que curasse sua filhinha. Jesus não curou a filha sob a condição de que a mãe se tornasse Sua seguidora. Ele viu o sofrimento de alguém que acreditava em Sua capacidade de curar, e isso foi suficiente (Mc 7:24-30).

Considere o modo como Ele falou com a mulher samaritana. Ele poderia ter debatido longamente com ela sobre quem tinha a religião certa (judeus ou samaritanos). Ela abriu o debate e O desafiou, mas Ele lhe trouxe as boas novas sem coagi-la ou perturba-la. Ele respeitou a opinião da mulher e compartilhou Sua mensagem com ela (Jo 4:7-42).

Alguns dias antes de sua prisão em Jerusalém, Jesus viajou pelo território dos samaritanos. Enviou seus discípulos a um vilarejo para encontrar lugar onde pudessem descansar, mas os samaritanos se recusaram a oferecer-lhes hospitalidade. Esse episodio é interessante, pois Tiago e João ficaram tão furiosos, que quiseram orar para que Deus destruísse o vilarejo.

Isso é exatamente o que o fanatismo religioso tem feito por séculos e ainda faz hoje. Ele tenta destruir aqueles que são diferentes e se recusa a aceita-los. Jesus repreendeu-os:
“Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são” (Lc 9:51-56). A intolerância religiosa e a violência não fazem parte do ensino de Jesus. Se as pessoas não aceitam a mensagem de Jesus, seus discípulos devem seguir o Seu conselho: “Se alguém não os receber nem ouvir suas palavras, sacudam a poeira dos pés quando saírem daquela casa ou cidade” (Mt 10:14).

Lucas conclui a historia com: “e foram para outro povoado”. Isso é tudo. Sem necessidade de maldições e ameaças. Eles fizeram sua escolha e Jesus a respeitou. Foram para outro vilarejo onde as pessoas o receberam alegremente. [2] Essa atitude devia ter deixado claro para todos os que alegam ser cristãos que devem rejeitar o uso da força e da violência em sua missão.

Esse texto é baseado em texto do livro “Discussões sobre fé e liberdade: defendendo o direito de professar, praticar e promover sua crença”, de John Graz, p. 21-24.


___________________________________
[1] Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada na Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
[2] A historia dos dez leprosos é um bom exemplo. Jesus curou todos os dez, mas apenas um voltou e glorificou a Deus. Jesus não usou Sua cura para obriga-lo a segui-lo (Lc 17:12)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Antitrinitarianos querem reescrever nossa história

Na comunidade Jovens Adventistas no Orkut sempre recebemos a visita de algumas pessoas que não acreditam na doutrina bíblica da Trindade. Um argumento muito usado por elas é "os pioneiros adventistas não acreditavam na Trindade, inclusive Ellen White".

Para você que já está cansado de procurar textos antigos que desmascarem essa distorção histórica, destaco aqui alguns parágrafos de Ellen White sobre o assunto. Repare nas datas e nas re-publicações dos textos (o que já refuta as acusações de adulterações dos escritos).

A DIVINDADE EM TRÊS PESSOAS

# “Há três pessoas vivas pertencentes ao trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a cristo por fé viva são batizados...”
Special Testimonies, Series B, No. 7, pp. 62, 63. (1905); repetido em Testimonies for the Church Containing Messages of Warning and Instruction to Seventh-day Adventists (1906); e Bible Training School, March 1, 1906.

# “Devemos cooperar com os três mais elevados poderes do Céu – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – e estes poderes operarão por nosso intermédio, tornando-nos coobreiros de Deus.”
Special Testimonies, Series B, No. 7, p. 51, 1905; a mesma expressão aparece em outros artigos, como The Review and Herald, May 26, 1904.

# “A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-se a si mesmos ao estabelecerem o plano da redenção.”(Australasian) Union Conference Record, April 1, 1901; repetido por ela em The Second Tithe (1901), p. 5; The Needs of the Cause in Australasia, July 4,1903 e The Review and Herald, May 2, 1912.

# “A presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os três mais elevados poderes no universo, é prometida para estar com cada alma que se esforça.”
Pacific Union Recorder, July 2, 1908. Repetido em Honoring God, The Watchman, December 15, 1908.

# “Os eternos dignitários celestes – Deus, Cristo e o Espírito Santo – equipando-os (aos discípulos) de energia sobre-humana, ... avançariam com eles para trabalhar e convencer o mundo do pecado.”
Manuscript 145, 1901.

# “Pelos votos batismais os membros da igreja tem prometido permanecer sob o controle do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.”
Record of Progress and An Earnest Appeal In Behalf of the Boulder-Colorado Sanitarium, 1905, p. 24

# “…cada alma que tem reconhecido sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e tem se tornado um receptor da garantia das três pessoas –o Pai, o Filho e o Espírito Santo (MS 57, 1900).”
Citado no Comentário Bíblico Adventista, Vol. 6 (1956), p. 1074

# “Quando um cristão se submete ao solene rito do batismo, os três mais elevados poderes no universo – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – dão sua aprovação ao seu ato, prometendo eles mesmos exercerem seu poder em seu interesse enquanto ele se esforça para honrar a Deus.”
The Signs of the Times, August 16, 1905; a expressão ‘three highest powers in the universe’ também aparece em outros lugares, como The Review and Herald, August 12, 1909.

A PLENA DIVINDADE DE JESUS

# “Cristo era essencialmente Deus, e no mais elevado sentido. Estava com Deus desde toda eternidade, Deus sobre tudo, bendito para todo o sempre.”
Review and Herald, 5 abril, 1906.

# “’Eu e o Pai somos Um’. As palavras de Cristo estavam cheias de profundo significado ao declarar que Ele e o Pai eram um em substância, possuindo os mesmos atributos
Signs of the Times, 27 novembro, 1893.

# “Declarara-se Aquele que tem existência própria (self-existent)...”
O Desejado de todas as nações, 469-470.

# “O Redentor do mundo era igual a Deus”.
Review and Herald, 7 janeiro, 1890.

# “Antes que os homens ou os anjos fossem criados, o Verbo estava com Deus e era Deus. ... As palavras proferidas a este respeito são tão decisivas que ninguém precisa ficar em dúvida. Cristo era essencialmente Deus, e no mais alto sentido.”
Review and Herald, 5 abril, 1906.

#“Cristo é o preexistente e auto-existente Filho de Deus.”
Signs of the Times, 29 agosto, 1900

# “Mas Cristo é igual a Deus, infinito e onipotente. Ele poderia pagar o preço do resgate do homem. Ele é o eterno e auto-existente Filho, que nãos estava sob nenhum jugo”
Youth’s Instructor, 21 junho, 1900.

#“Jeová é o nome dado a Cristo”.
The Signs of the Times , May 3, 1899

# “O Verbo eterno consentiu em tornar-se carne! Deus tornou-se homem”.Review and Herald, 5 de julho, 1887

# Ele era Deus enquanto viveu na Terra, mas despiu-se da forma divina, e em seu lugar assumiu a forma e a feição do homem. ... Ele era Deus, mas abdicou por um tempo das glórias da forma divina.” Review and Herald, 5 de julho, 1887


A PERSONALIDADE DIVINA DO ESPÍRITO SANTO



# “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus.”
Manuscrito 20, 1906.

# “O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo.”
Special Testimonies, Serie A, No 10, 37.

# “Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus é uma pessoa, está andando por esses terrenos”
Manuscript 66, 1899 (From a talk to the students at the Avondale School).

# “O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus.”
Manuscript 20, 1906.

# "terceira pessoa da Divindade (falando do ‘divine Spirit’)”. The Signs of the Times, December 1, 1898; The Watchman, November 28, 1905.


# A expressão ”terceira pessoa da Divindade” aparece em vários outros textos, como:
The Desire of Ages, 1898; The Ellen G. White 1888 Materials; e The Review and Herald, May 19, 1904.

# “Quando o povo de Deus busca as Escrituras com o desejo de saber o que é a verdade, Jesus está presente na pessoa de Seu representante, o Espírito Santo, reavivando os corações dos humildes e contritos (cita Jo 15:23, 10-11).”
Manuscript 158, 1898.

# “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus.”
Manuscrito 20, 1906.

# “O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo.”
Special Testimonies, Serie A, No 10, 37.

# “O mal tem se acumulado por séculos, e poderia ser restringido e resistido pelo forte poder do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, que viria não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder.”
Letter 8, 1896, p. 1 (To "My Brethren in America" February 6, 1896); repetido em Special Testimonies for Ministers and Workers. -- No. 10, 1897; e The Review and Herald, November 19, 1908.