sábado, 13 de junho de 2009

Música Sacra = Musica Erudita?



Lendo um livrinho sobre música e adoração...
Olha o que o autor (um músico que merece todo meu respeito) afirma:


...“música sacra é música erudita”


..."a música cristã deve tender para as músicas dos períodos clássico e romântico”


O argumento de que a música da igreja deveria igualar-se à melhor música que a humanidade pode produzir (música erudita) é um tanto ilusório. Hoje em dia, os únicos lugares em que se pode ouvir essas músicas são as salas de concerto, raramente igrejas. Se as músicas sacras dos grandes compositores históricos fossem tomadas como referência única da música cristã, a congregação estaria sendo novamente excluída do louvor musical pela complexidade harmônica e melódica e pela longa duração que as caracteriza. Além do mais, não podemos esquecer que a música cristã não tem apenas objetivo lúdico, é mais uma arte a ser usada do que meramente apreciada.

Historicamente, a música sacra foi durante séculos o sinônimo de boa música erudita porque a igreja cristã controlava e influenciava todas as coisas, inclusive as artes. Mas será que tudo o que ocorreu na Idade Média foi tão bom assim para se tornar parâmetro? Vejamos: a maioria das reuniões religiosas eram feitas em “línguas estranhas” ao povo (o latim principalmente), a Ceia foi gradualmente restrita ao clero e a participação congregacional era inexistente. Naturalmente, as músicas eram feitas sob medida para essa liturgia estritamente sacerdotal.

Ainda naquele livrinho, encontramos a seguinte afirmação: “Deve-se dar preferência aos grandes compositores da tradição cristã, mestres como Menddelssohn, Bach, Handel...” Ainda bem que ninguém leva a sério essas recomendações, pois do contrário não nos restariam mais que uma dúzia de músicas para cantar com a congregação. O grau de aproveitamento das músicas eruditas (erroneamente denominadas “clássicas”) no louvor congregacional é baixo, qualquer pesquisa de opinião comprovaria que o povo geralmente prefere músicas no estilo contemporâneo popular (ainda que sejam do início do século 20!).

Não dá para reviver, aqui no Brasil, o que ocorreu na Alemanha no século 16, ou na Europa no século 19, e nem mesmo o que ocorria no sul dos EUA no século 20. Por isso, a adoração não deve ser monopolizada pela música “imortal” dos grandes mestres compositores europeus, pelos spirituals dos negros americanos, ou por qualquer estilo que seja.

Creio que é necessário fazer-se uma clara distinção entre a música sacra (normalmente feita nos moldes “clássicos”) e a música eclesiástica litúrgica (que é usada pela congregação). A música eclesiástica não é apenas arte, mas possui funções litúrgicas definidas, tais como ensino, consolo, louvor e até evangelismo. Nem toda música sacra de compositores europeus eruditos é utilizável em liturgias ou cânticos congregacionais. E como não temos a tradição como norma superior, não devemos ter receio algum de substituir obras de séculos passados (seculares?!?! rsrsr..) por músicas contemporâneas do estilo “popular”, se isso for necessário à edificação da igreja.


É isso...

Um comentário:

  1. Ai Van, esta discussão é antiga e tão complexa, né? Creio que as pessoas não chegam num consenso por causa, principalmente, de gostos pessoais e até aquela velha máxima "conveniências acimas das convicções"!

    Prefiro defender a seguinte bandeira: música sacra, mais que simplesmente arte para ser apreciada, tem que ser ALIMENTO!

    Bjão, querida e parabéns pelo seu blog!

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